quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

E para 2009...

Eu sempre me esforço para passar um fim de ano legal. Ouço musiquinhas natalinas e fico admirando as luzes e decorações para entrar no clima. Uso roupinha branca e calcinha nova no Reveillon. Faço ceia, simpatia, promessa. Mando mensagenzinhas pré-prontas para meus amigos, desejando um Feliz Natal e um Próspero Ano-Novo, e respondo todas que recebo. É todo ano assim. Mas desta vez foi diferente. Bem diferente.
Meu Natal e meu Ano-Novo foram como qualquer outro dia. Fiz as coias que faço em todas as outras noites. Nem resisti, apenas aceitei. E continuei o que estava fazendo, sem remorso, só meio cansada. Cansada de pensar que o Natal é uma época onde as pessoas ficam mais próximas e tolerantes, confraternizando com a família e achando a coisa mais linda do mundo aquele animal assado de pernas para cima ser o símbolo da data do nascimento do Salvador. Cansada de ficar olhando para cima vendo foguinhos de artifício feito uma abobada e pensando que o ano que está por vir vai ser o máximo, tão perfeito que merece até uma comemoração antecipada. Cansada de ver aquela gente feliz se lambuzando de lentilha porque "comer lentilha no reveillon chama dinheiro" e contando regressivamente na beira da praia feito retardadinhos mentais. Cansada de ver todo mundo se desejando Boas Festas, mas no fundo, ainda odiando uns aos outros. Cansada de ver gente dando presentes por obrigação e não por afeto.
Sim, chegou 2009 e eu não vou fazer pedidos, promessas ou simpatias. Será que assim não é melhor? Será que sem essas expectativas todas a gente não fica mais satisfeito com aquilo que a vida nos dá e reclama menos daquilo que não tem?
Logo na primeira semana do ano ganhei um presente. Reencontrei uma amiga que não via há mais de uma década. Conversamos muito, relembramos nossos verões e aproveitamos cada minuto juntas. Comecei o ano muito bem, obrigada. E o que tiver de ser em 2009, será.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

O meu fim

Olho para a pilha de papéis em cima da minha mesa e sinto uma preguiça inexplicavelmente maior que todas as outras que já me atacaram. Eu só quero que as próximas duas horas passem logo, para que eu possa pegar a minha bolsa e ir para casa. Sim, eu tenho uma casa. Tá, é um apartamento, e é bem pequeno. E também não é meu, pronto, admiti, mas sou eu quem pago o aluguel e faço o que bem entendo lá dentro. Satisfeito?
Mas ainda faltam duas horas e eu quase não consigo esperar. A única coisa que me fez superar meu sono hoje de manhã para vir trabalhar foi lembrar que hoje é sexta-feira. O que significa que amanhã vou poder dormir o quanto eu quiser. E vou ter tempo para ficar mais um pouquinho nos meus sonhos e na minha casinha verde, brincando com a minha cachorra e papeando com as minhas amigas no MSN.
E enquanto eu fico aqui, sem nada de interessante pra fazer, eu lembro que as horas não passam porque quanto mais se olha para o relógio, mais devagar o tempo passa. E eu continuo esperando. Porque eu estou sempre à espera do fim. Do fim do expediente, do fim-de-semana, do fim do mês, do fim do ano, do fim dessa dor que às vezes me consome e me faz perder o ar. Essa dorzinha que me faz ir dormir mais cedo ou pegar um livro para não pensar em bobagens. Não há nada como uma boa história quando eu estou meio cansada da vida. Eu leio sem parar. Mergulho nas páginas, nas palavras, em cada letra. Eu sinto o sofrimento das personagens. E eu releio aquelas linhas tristes para sentir mais um pouquinho aquele aperto no peito e aquela vontade de vomitar.
Mas quando o livro acaba eu não tenho para onde ir. Mais um fim que chega, e eu não sei o que fazer com ele.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Nada além de mim

Acho que estou perdendo as forças. Perdendo o chão. Não sinto mais minhas pernas, nem meus ombros, e muito menos meu pescoço. O que está acontecendo?!
Preciso de um banho. Me sinto suja. Preciso lavar de mim essa sujeira grossa que se juntou na minha pele, e abaixo dela, ao longo da minha vida. E eu me esfrego com força com aquela esponja áspera e aquele sabonete meio fedido que mata quase todas as bactérias, mas não adianta. Eu preciso de um produto que retire as minhas células doentes e me faça feliz outra vez. Porque às vezes eu não consigo sentir nada.
É mais ou menos isso. O nada. O nada me atinge e eu fico de pensamento solto, deixando de viver aquilo que anseio todos os dias. A minha vontade de viver e de ser feliz e de engolir o mundo some e se transforma numa coisa sem forma, sem cor. E eu já não ouço som algum e quando me dou de conta, já passou metade do dia.
E eu choro baixinho porque não aproveitei mais um dia, mais uma semana, mais um ano. O ano já está acabando e eu penso todas as noites naquilo que eu conquistei nestes quase 365 dias: Completamente nada. Mas no fundo eu choro com um pouquinho de satisfação por a noite ter chegado e eu não precisar mais me preocupar em fazer aquelas coisas que eu gostaria de ter tido ânimo para fazer. O dia já acabou mesmo! E daqui a pouco vem o outro. Mas eu peço para o próximo dia esperar um pouquinho, só um pouquinho, para que eu possa descansar meu nada de vida e tentar bolar um plano todo de novo. Afinal, nada cansa às vezes.