domingo, 29 de novembro de 2009

O outro lado da história

Às vezes dá saudade, sim. E não é normal. É uma saudade estranha, diferente. Uma melancolia absurda. Saudade daquilo que meus olhos não viram, das coisas que não tive, dos tempos que não vivi, das pessoas que não conheci realmente. Das palavras que não disse nem ouvi. Daquela fase que poderia ter sido tão diferente. E não como há como voltar atrás. O tempo não perdoa. Passou. Acabou. Não existe mais.
Se hoje sou uma pessoa feliz e realizada, foi por que certas coisas aconteceram no lugar de outras. Foi tudo um aprendizado. Foi tudo como deveria ser. Então por que sinto essa saudade, essa sensação de "como teria sido se..."? Simplesmente não era para ser. Se fosse, não seria eu. Seria pior? Seria melhor? Jamais saberei.
E, assim como eu gostaria de ter superpoderes quando criança, como a bruxinha de Sabrina, a Feiticeira, hoje eu queria ter a oportunidade de saber como teria sido minha vida do outro jeito. Queria fazer como a Carolina do filme A Dona da História. Ver todas as versões de mim mesma e, no fim, perceber que fiz as escolhas certas. Ou que a vida me levou pelo caminho certo. Não sei se existe este tal de caminho certo, de destino, de acaso, de Deus, de tempo. Não tenho as respostas. Mas eu gosto da pessoa que vejo quando olho no espelho. Será que ela existiria se este passado que me atormentou durante tanto tempo não tivesse acontecido como aconteceu?
Ainda acho que tudo aquilo serviu para alguma coisa. Mas mesmo assim eu sinto saudade da vida que não vivi. Gostaria de ter recordações melhores daquele tempo. Mas a parte que não foi apagada da minha memória é triste. É como se não tivesse acontecido nada de bom durante muitos anos. Cinco, dez anos? Não sei. Eu apenas respirava e seguia em frente. Esperava que algum dia acontecesse algo especial, que mudaria minha história. Mas o dia não chegava. Não chegou. E o tempo passou. Nada mudou. Até que um dia eu fui embora.
Eu fui embora para começar tudo de novo. Começar do zero. E eu chorei. Chorei muito até conseguir me reencontrar. Eu fui embora e deixei o passado para trás. Superei tudo. Eu mudei. Eu consegui aquilo que desejei durante tanto tempo. Eu venci. E continuo na luta, pois cada dia é uma batalha diferente. Estou tentando, estudando, trabalhando, construindo, fazendo. Estou bem. Não gostaria de sentir essa saudade porque ela não faz sentido algum. Mas eu sinto. E quando ela vem, meus olhos começam a ficar marejados. Então eu penso em outra coisa para evitar a saudade daquilo que nunca existiu.

Um comentário:

Anônimo disse...

Acho que a Jamila está se concientizando. Isso é doloroso como nascer, mas isso é modo de falar porque não me lembro de ter nascido a não ser quando consegui dizer não para muitas coisas e pessoas, e... principalmente comecei a dizer não para pacotinhos, esses que vem prontos e com um monte de asneiras dentro e geralmente são antigos, muitos deles se referem a datas antes de... ou depois de... mas se até as referências são prenhes de falsidades.... como podemos dizer pré-diluviano, se podemos constatar que dilúvio é referido somente na Bíblia, e nos demais escritos são pesquisas para determinar ou não sua existência, mas nem precisaria, pois basta analisar o texto de referência original e seus personagens fantásticos que ao sabor da lógica percebemos que se assemelha em tudo às estórias de mil e uma noites... Bom... daí por diante... você tem conviver de que você está nascendo de fato, mas será de fato mesmo... ou na na essência.